quinta-feira, 11 de julho de 2013

O RESTAURANTE DO SACI (conto infantil)






O RESTAURANTE DO SACI
(Gabriel Sarmento e Andra Valladares) 


Diz a lenda que certa vez o Saci abriu um restaurante especial para seus amigos da floresta.

O Curupira estava fazendo aniversário e foi ao restaurante do Saci para comemorar. O Saci serviu para ele uma bela salada de frutas com maçã, banana, kiwi, uva e mel. Quando o Curupira sentou-se à mesa para comer, outros amigos que estavam escondidos apareceram e gritaram:

- Surpresa!

Os amigos, Caipora, Boitatá, Lobisomem, Mula-sem-cabeça e Iara chegaram cantando, um “parabéns pra você” diferente do que se canta na cidade. A música de aniversário deles era assim: “Parabéns pro Curupira, ele cuida da mata e é da nossa família das lendas brasileiras.”

Depois de cantar e cumprimentar o Curupira pelo aniversário, todos quiseram comer pois estavam com muita fome.

O Lobisomem pediu: - Quero um pedaço de carne “beeemmm grandeeee... Auuuuuuu!"

O Caipora falou: - Quero banana amassada com mel.

O Boitatá pediu: - Um peixe, pode deixar que eu mesmo o assarei no meu fogo.

A Iara falou para o Saci:

- Você vai ter que adivinhar o que eu quero. Vou dar uma pista... é uma fruta que tem a cor roxa.

O Saci afirmou: - Já sei... Jabuticaba!

A Iara disse: - Errou!

Ele falou: - Beterraba!

Dando uma risada, a Iara disse: - Desde quando beterraba é fruta, Saci? 

- Então, só pode ser uva... – falou o Saci.

- Sim, traga para mim! – exclamou a Iara.

A Mula-sem-cabeça, com sua voz cavernosa, pediu: - Quero unhas e dentes!

O Saci pensou: “- E agora?”

Então ele serviu os outros amigos que fizeram pedidos mais fáceis e falou para a Mula-sem-cabeça que iria providenciar o que ela havia pedido. Feito isso, pegou uma tesoura, entrou em seu redemoinho e foi direto para o Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Chegando ao Sítio, contou a todos que precisava atender ao pedido da Mula-sem-cabeça e pediu para cortarem as unhas para levar para ela. 

O Pedrinho perguntou: - Mas a Mula-sem-cabeça quer só quer unhas?

O Saci disse: - Pior é que não... Ela também quer dentes! E se ficar com muita fome pode até atacar alguém...

Narizinho, com a cara assustada, falou: - As unhas eu corto mas meus dentes eu não dou não! 

Todos ficaram espantados e o Visconde falou: - E agora, o que podemos inventar para acabar com a fome da Mula-sem-cabeça?

A Emília deu um sorriso matreiro e falou: - Tive uma ideia bonecal! Tenho a solução para esse problema e ela está lá na minha canastrinha...

Falando isso, partiu correndo para o quarto da Narizinho, pegou sua canastrinha e voltou às gargalhadas para a sala.

- Aqui estão seus dentes, Saci! – falou a Emília, retirando de dentro da canastra uma dentadura velha de Dona Benta.

Dona Benta, meio sem graça, falou : - Mas que boneca atrevida!... Onde você achou isso, Emília?

- Ah... Encontrei, por aí... A senhora não ia querer mesmo essa dentadura velha faltando um dente da frente, né? Diz que não, por favor... – respondeu a boneca com a cara mais sapeca do mundo.

Dona Benta, segurando o riso e sabendo da gravidade da situação, rendeu-se ao pedido da Emília, dizendo:  - Não Emília... Essa boneca não tem jeito mesmo...

Então a boneca disse: - Pronto Saci, seu problema está resolvidíssimo, agora é só arrancar os dentes da dentadura e dar para a Mula-sem-cabeça, ela nem vai perceber a diferença.

A Tia Nastácia, fazendo o sinal da cruz, falou baixinho para Dona Benta: - E esse “Coisa Ruim”?  O que será que vai querer comer? Tomara que não passe pela minha cozinha e bagunce tudo...

O Saci agradeceu a todos, pegou as unhas cortadas, a dentadura, fez uma cara peralta e deu uma risada: - Eheheheh... – sumindo no mesmo instante em direção à cozinha.

Na cozinha ele encontrou um bolo de milho apetitoso que a Tia Nastácia havia acabado de preparar  para o café da manhã do dia seguinte e ainda estava quentinho...

Então, de lá mesmo, o Saci gritou: - Sinhá Nastácia! A cozinha não vou bagunçar mas esse bolo de milho eu vou levar!... Ehehehe...

Tia Nastácia foi correndo para a cozinha mas apenas sentiu o ventinho do redemoinho do saci, ele já havia sumido...

Fazendo o sinal da cruz, ela disse:  – Ah, seu pestinha! Ainda pego sua carapuça e te coloco na linha...

Então o Saci voltou para seu restaurante e entregou para a Mula-sem-cabeça as unhas e os dentes da dentadura. Ela comeu e perguntou: - Onde você conseguiu esses dentes, Saci?

Ele disse que era segredo e não podia contar. E perguntou: - Por que você não gostou?

Ela disse: - Se gostei? Eles são bem macios e com um sabor diferente... Eu adorei e virei sempre ao seu restaurante para comer mais.

O Saci deu um sorriso amarelo e falou: - Que bom! Eheheh...

Depois disso, perguntou aos outros amigos se haviam gostado de seus pratos e todos elogiaram a comida.

Então disse o Saci: - Agora que estão todos satisfeitos, quem vai comer sou eu... E vai ser esse espetacular bolo de milho feito pela maior quituteira de todas as histórias... hum!...

Os amigos falaram em coro: - Sobremesa? Também queroooo!

O Saci segurou o bolo de milho, arregalou os olhos e rapidamente finalizou o assunto: - Epa! Está na hora de vazar... Restaurante fechado, não vai mais funcionar !!!... Eheheh...

E desapareceu no vento... 

FIM




** TODOS OS DIREITOS RESERVADOS ** 

- Estou muito feliz com esse novo parceiro que consegui para me ajudar na criação de histórias. Esse importante parceiro é ninguém menos que meu filho Gabriel com toda a sabedoria, inventividade e ingenuidade de seus cinco anos de idade. Ele adora os mitos e lendas do Brasil, já li vários livros para ele sobre o assunto. Ele começou a criar essa história e eu fui escrevendo, quando se cansou comecei a inventar e ele também me ajudou dando seus pitacos. Este conto foi publicado no dia 26/08/2012 o blog "Poeticamente: Música Prosa e Verso".


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