sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A BAILARINA (Cecília Meireles)

Olá amiguinhos,

Eu e o meu amigo Allan Maykson musicamos o poema A BAILARINA de autoria da Cecília Meireles. Segue abaixo o link do vídeo no youtube para quem quiser ver o vídeo e conhecer a nossa versão musicada, clique aqui ou copie a cole o endereço abaixo no seu navegador. Modéstia à parte, eu achei linda. :) 



 


A Bailarina


Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças


Cecília Meireles







https://youtu.be/TxVsL97qx3g

sábado, 17 de outubro de 2015

CHAPEUZINHO AMARELO ( Chico Buarque )



CHAPEUZINHO AMARELO


Era a Chapeuzinho Amarelo,
amarelada de medo,
tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.

Já não ria.
Em festa, não aparecia.
Não subia escada, nem descia.
Não estava resfriada, mas tossia.
Ouvia conto de fada, e estremecia.
Não brincava mais de nada, 
nem de amarelinha.

Tinha medo de trovão.
Minhoca, pra ela, era cobra.
E nunca apanhava sol, 
porque tinha medo da sombra.
Não ia pra fora pra não se sujar.
Não tomava sopa pra não ensopar.
Não tomava banho pra não descolar.
Não falava nada pra não engasgar.
Não ficava em pé com medo de cair.
Então vivia parada, deitada, mas sem dormir,
com medo de pesadelo.

Era a Chapeuzinho Amarelo…

E de todos os medos que tinha
o medo mais que medonho 
era o medo do tal do LOBO.
Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
numa terra tão estranha,
que vai ver que o tal do LOBO
nem existia.

Mesmo assim a Chapeuzinho
tinha cada vez mais medo do medo do medo
do medo de um dia encontrar um LOBO
Um LOBO que não existia.

E Chapeuzinho amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com o LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele
que era assim:
carão de LOBO,
olhão de LOBO,
jeitão de LOBO,
e principalmente um bocão
tão grande que era capaz de comer duas avós,
um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz…
e um chapéu de sobremesa.

Mas o engraçado é que,
assim que encontrou o LOBO,
a Chapeuzinho Amarelo
foi perdendo aquele medo:
o medo do medo do medo do medo 
que tinha do LOBO.
foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo.
Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.

O lobo ficou chateado de ver aquela menina
olhando pra cara dele,
só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo,
porque um lobo, tirado o medo, 
é um arremedo de lobo.
É feito um lobo sem pelo.
Um lobo pelado.

O lobo ficou chateado.
Ele gritou: sou um LOBO!
Mas a Chapeuzinho, nada.
E ele gritou: EU SOU UM LOBO!!!
E a Chapeuzinho deu risada.
E ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!!!!!!!!
Chapeuzinho, já meio enjoada,
com vontade de brincar de outra coisa.
Ele então gritou bem forte 
aquele seu nome de LOBO
umas vinte e cinco vezes,
que era pro medo ir voltando e a menininha saber 
com quem não estava falando:

LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO 
BO LO BO LO BO LO BO LO

Aí, Chapeuzinho encheu e disse:
“Pára assim! Agora! Já! Do jeito que você tá!”
E o lobo parado assim, do jeito que o lobo estava,
já não era mais um LO-BO.
Era um BO-LO.

Um bolo de lobo fofo, tremendo que nem pudim,
com medo de Chapeuzim.
Com medo de ser comido, com vela e tudo, inteirim.

Chapeuzinho não comeu aquele bolo de lobo,
porque sempre preferiu de chocolate.
Aliás, ela agora come de tudo, 
menos sola de sapato.
Não tem mais medo de chuva, 
nem foge de carrapato.

Cai, levanta, se machuca, vai à praia, 
entra no mato,
Trepa em árvore, rouba fruta, 
depois joga amarelinha,
com o primo da vizinha, 
com a filha do jornaleiro,
com a sobrinha da madrinha
e o neto do sapateiro.

Mesmo quando está sozinha, 
inventa uma brincadeira.
E transforma em companheiro 
cada medo que ela tinha:

O raio virou orrái;
barata é tabará;
a bruxa virou xabru;
e o diabo é bodiá.

FIM

( Ah, outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo:
o Gãodra, a Jacoru,
o Barãotu, o Pão Bichôpa…
e todos os trosmons).


Chico Buarque



Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido por Chico Buarque (Rio de Janeiro, 19 de junho de 1944), é um músico, dramaturgo e escritor brasileiro. É conhecido por ser um dos maiores nomes da música popular brasileira (MPB). Sua discografia conta com aproximadamente oitenta discos, entre eles discos-solo, em parceria com outros músicos e compactos.


Chico Buarque recebendo o prêmio de melhor livro na 5º edição do prêmio BRAVO! Prime de Cultura em 2009

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Chico_Buarque_no_BRAVO.jpg#/media/File:Chico_Buarque_no_BRAVO.jpg

segunda-feira, 6 de abril de 2015

A CIDADE QUE EU VISITEI (Jovany Sales Rey)

Olá amigos, 

Hoje vou postar o poema escrito pelo meu amigo Jovany. Esse  trabalho foi publicado no Caderno Literário do Diário Oficial no ano de 1965, quando o Jovany tinha apenas 10 anos de idade. Legal, né?

O poema fala sobre uma cidade de fantasia, muito especial. Com certeza, vocês irão gostar! 



Jovany e eu, no dia do lançamento do seu livro mais novo.
"O DONATÁRIO"


A CIDADE QUE EU VISITEI


Os olhos cerro bem fundos
no meu quentinho leito
e sonho com outros mundos
onde passeio satisfeito.

Inda ontem era uma aranha

e entrei em uma cidade,
mas que cidade estranha
pena não ser de verdade!

Com casas de feijão

escorria feito enxurrada
nas ruas de requeijão
um monte de feijoada.

Um chafariz de pamonha

vertia carreiras de mel,
muito vinho Borgonha
champanhe e moscatel.

Um empadão descoberto

do jardim era canteiro
e por flores tinha, esperto,
recheios de frango inteiro.

Só haviam na escolinha

cartilhas de beiju
carteiras de farinha
mesas de milho cru.

Os seus muitos habitantes

cada homem e sua dona
eram todos de barbantes
com cabeça de azeitona.

O prefeito, esse era

sorvetão desse tamanho
e assim (também pudera)
derretia ao tomar banho!

O soldado de polícia

ao preso vivia grudado.
Sua algema, que delícia,
era toda de melado.

O doutor só receitava

bala chita e de hortelã.
A doença desbotava
deixando a pessoa sã.

Em vez de injeção

o dentista, tão bonzinho,
para tirar infecção
dava suco em canudinho.

De chocolate, o trenzinho

apitava na estação,
pedindo leite quentinho
para dobrar o fumação.

E olha só que confusão:

seu padre um tomatão,
um tomatinho o sacristão
de ketchup a procissão.

E todo o povo era ricaço,

pois para ninguém ser avarento
havendo tanto ar no espaço
o dinheiro era... de vento!


Jovany Sales Rey


sábado, 7 de março de 2015

O QUE É UM POETRIX?


Olá amigos,

Há quanto tempo, não é? Vamos falar de poesia?


Hoje resolvi homenagear uma amiga que está aniversariando. Escrevi um poeminha no estilo poetrix para ela. O POETRIX é um tipo de poema que deve passar uma mensagem de forma bem direta e resumida. Ele deve ter apenas três versos e também um título. O poema deve ser escrito da forma mais resumida possível e deve ter, no máximo 30 sílabas. Esse poetrix que escrevi também é um ACRÓSTICO pois os versos iniciam com a palavra LIA. É, portanto, uma mistura de acróstico com poetrix, chamado de "ACROSTRIX".



SIMPLES ASSIM

Levitou de alegria,
Inventando o dia.
A menina que lia.

Andra Valladares



Mais alguns POETRIX para vocês entenderem melhor como é...


LAVADEIRA

Na beira do rio,
esfrega, bate, torce, canta...
Lava a alma!

Andra Valladares


BAILARINA

Dançando na ponta dos pés,
não importa a idade,
é sempre menina.

Andra Valladares



FLOR

Vestiu-se de rosa,
com encanto e perfume.
Desabrochou mulher.


Andra Valladares




Pronto! Agora que você já sabe o que é um POETRIX. Que tal escrever um?