segunda-feira, 6 de abril de 2015

A CIDADE QUE EU VISITEI (Jovany Sales Rey)

Olá amigos, 

Hoje vou postar o poema escrito pelo meu amigo Jovany. Esse  trabalho foi publicado no Caderno Literário do Diário Oficial no ano de 1965, quando o Jovany tinha apenas 10 anos de idade. Legal, né?

O poema fala sobre uma cidade de fantasia, muito especial. Com certeza, vocês irão gostar! 



Jovany e eu, no dia do lançamento do seu livro mais novo.
"O DONATÁRIO"


A CIDADE QUE EU VISITEI


Os olhos cerro bem fundos
no meu quentinho leito
e sonho com outros mundos
onde passeio satisfeito.

Inda ontem era uma aranha

e entrei em uma cidade,
mas que cidade estranha
pena não ser de verdade!

Com casas de feijão

escorria feito enxurrada
nas ruas de requeijão
um monte de feijoada.

Um chafariz de pamonha

vertia carreiras de mel,
muito vinho Borgonha
champanhe e moscatel.

Um empadão descoberto

do jardim era canteiro
e por flores tinha, esperto,
recheios de frango inteiro.

Só haviam na escolinha

cartilhas de beiju
carteiras de farinha
mesas de milho cru.

Os seus muitos habitantes

cada homem e sua dona
eram todos de barbantes
com cabeça de azeitona.

O prefeito, esse era

sorvetão desse tamanho
e assim (também pudera)
derretia ao tomar banho!

O soldado de polícia

ao preso vivia grudado.
Sua algema, que delícia,
era toda de melado.

O doutor só receitava

bala chita e de hortelã.
A doença desbotava
deixando a pessoa sã.

Em vez de injeção

o dentista, tão bonzinho,
para tirar infecção
dava suco em canudinho.

De chocolate, o trenzinho

apitava na estação,
pedindo leite quentinho
para dobrar o fumação.

E olha só que confusão:

seu padre um tomatão,
um tomatinho o sacristão
de ketchup a procissão.

E todo o povo era ricaço,

pois para ninguém ser avarento
havendo tanto ar no espaço
o dinheiro era... de vento!


Jovany Sales Rey